20 de abril de 2015

Tecidos para encadernar no Rio de Janeiro




Muitos alunos e amigos me perguntam onde compro tecidos tão lindos.
Para facilitar a vida deles e a minha, organizei essa listinha de lugares, todos no Rio de Janeiro.

Copacabana

Casa Miro Tecidos  
Rua Barata Ribeiro, 577.
(21) 2547-2197

Lealtex
Avenida Nossa Senhora de Copacabana, 739.
(21) 2236-3085
Horário: 09 às 19h
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Catete

Armarinho Santa Izabel
Rua do Catete, 274 - galeria.
(21) 2265-5836
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Centro

Casa Pinto
Rua Buenos Aires, 224
(21) 2509-6063 / 2224-8118

São Januário Tecidos
Rua Buenos Aires
(21) 2224-4513
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Rio Comprido

Mograbi (loja do Pólo Têxtil)
lojas 123 e 125
Av. Paulo de Frontin, 333 (com estacionamento).
Ou Rua Aristides Lobo, 80.
(21) 3594-0660
(21) 3269-2869
(21) 7740-3155
mograbitecidos@hotmail.com

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São Cristóvão
 
Caçula
Campo de São Cristóvão, 87.
Rio de Janeiro - RJ
(21) 3878-8852 

Tecidaria
Rua Monsenhor Manuel Gomes, 3.
(21) 3860-1157
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Online

Panólatras

Flok Tecido Adesivo (encontrado na loja Caçula de São Cristóvão)
www.tecidoadesivo.com.br

GJ Tecidos Exclusivos
www.gjtecidos.com.br
 

Se você conhecer algum fornecedor bacana (na cidade do Rio de Janeiro) e quiser compartilhar, mande email para o vicosopapel@gmail.com

8 de abril de 2015

Mana Bernardes

imagem retirada do site da Mana

 Como é o trabalho de uma designer projetado de maneira artesanal?
A Mana Bernardes faz projetos com a singeleza e exclusividade de artesão.
Me identifiquei tremendamente com um texto escrito por ela.
Compartilho aqui o texto que da Revista da Travessa, escrito pela Mana.

"Despadronizar: Um caminho para a humanização das coisas.

Vim de certo caos familiar. O eterno calor que dominava meu corpo me causou uma inflamação que logo no início da adolescência me acamou por dois intensos anos. Parei de estudar e entrei numa voraz manufatura. A ideia de que eu tinha que acabar um colar e começar outro me embalou de tal maneira, que quando percebi, já havia me curado nesse exercício. Meu encatamento vinha desse tempo em que minhas mãos estavam numa dimensão de entrega toda própria em absoluto desrelógio. Ouvi muita música e botei a mão nos materiais, na união deles, nas amarrações. Fazia só colares, colares de contas, de retalhos, de sobras das vizinhas, de papel de revista, de massa colorida, hastes de cotonetes. A organização do meu corpo veio de fazer as coisas se materializarem. Isso me trouxe ritmo, saúde, metas, alinhamento emocional. E me levou para outra dimensão, um lugar cheio de desejos, uma série de crenças nas cores e tramas. Organizou o meu corpo. Acredito que realizar pode organizar o corpo do mundo e me coloco nessa missão de levar mais e mais pessoas a encarar a possibilidade de fazer suas próprias amarrações, de superar a vida com ação, com o livre encarar de materiais do entorno, da realidade, do lixo. De ganhar o tempo das mãos experimentando diversos toques, texturas e possibilidades, de só experimentar, sem projeto, sem ordem, sem demanda e entender essa entrega como o início do que se chama processo, caos fundamental que gera produtos originais. É necessário se perder, ter abismo, permitir mistério.

Minha coleção de jóias tem o seguinte lema: o poder de transformação é a joia de ser humano. O que eu fiz para curar meu corpo foi produzir, e hoje uso esse termo "joia" como símbolo de unidade do que é valoroso, delicado e sensível para atingir grupos que atendo em comunidades, para dar exemplo de transformação às mulheres artesãs. Com isso, elas criam coragem para brilhar mais que diamante, ao transformar as próprias realidades e de seu entorno, em design, na evocação de um processo que denominei terapêutico. Atuo na escuta das histórias de vida das mulheres e com alguns pedaços de arame elas criam formas para simbolizar suas experiências. Assim, iniciamos o processo que culmina quando elas constroem uma coleção artesanal autoral do grupo. E da célula inicial de meu trabalho, que foi me curar com minhas próprias mãos, atingi camadas finas e translúcidas de materiais, pois meu corpo precisava de toques suaves, furta-cores, perolados.

Comecei a escrever na adolescência com uma força que baixava de tal maneira que não dava tempo de separar as palavras. Não tive o menor julgamento se era certo ou errado, nunca tive. Vim de uma família de artistas muito liberais, que me incentivavam a ser livre, cada vez mais livre. Meus pais confiavam em mim e isso me fez decolar, acreditar no que ninguém acreditava. E me fez sair de casa para me sustentar com 18 anos, bater em dez lojas e sair aos prantos porque nenhum lojista acreditava em colares feitos de grampos, de bolas de gude, de palitos com pérolas.

Mas tive fé inabalável, entendi tudo como um grande processo da vida e continuei. A escrita manual me dominou de uma maneira que não tive interrupção. Comecei por cadernos, invadi as paredes, os vestidos, entendi a caligrafia como partitura da emoção e fui totalmente guiada por ela, a partir da minha escrita é que detecto meu estado emocional. Não só da letra como do que sai, o que talvez possa chamar de poesia. Poderia chamar também de material reciclado do meu corpo.

Uma vez fui rejeitada em uma série de galerias e saí chorando pelas esquinas com aquela resposta de que meu trabalho talvez fosse mais para literatura ou para o design. Até chegar em casa ou no ateliê já estava de novo totalmente encorajada, afinal o que eu faço é para existir. Atualmente tenho galerias que me representam e minhas joias são vendidas em diversas lojas.

Hoje, depois que todos esses processos se inauguraram há mais de vinte anos, uma vez que comecei ainda criança, transbordo poesia, metodologias, joias, instalações, objetos em redes industriais e exposições. Tudo que faço demora porque vem do manual, e permite o tempo do mistério, mas sai despadronizado e assim encontro meu eixo.

Mana Bernardes"